Como se sabe as gralhas são, desde sempre, um animal inimigo de quem escreve.
Quando menos se espera elas pousam nos textos.
Às vezes são engraçadas, outras inconvenientes, outras ainda irritantes.
Na Era dos computadores as coisas estão facilitadas, dadas as propriedades de correcção ortográfica automática.
Mas, na verdade, nem sempre o que facilita deixa de complicar.
No meu último artigo sobre a Constituição Portuguesa, saído no jornal 'Acção Socialista' (nº 1355, Nov./Dez. 2010) abordo a questão do Preâmbulo da Constituição no contexto do processo de revisão constitucional em curso.
No final, para melhor interpretação e análise dos leitores, transcrevi o texto preambular que inicia a Constituição.
Ao escrever a palavra 'leitores' falhou-me o 'r'. Apenas o 'r'. Então ficou 'leitoes'.
O automatismo do computador descobriu uma palavra conhecida a que faltava o assento, e os assentos são logo assumidos sem mais . E, para ajudar, claro, colocou-o.
Deu: 'leitões'.
Quando, no final da escrita, passei o corrector ortográfico nenhum erro foi assinalado. Claro: leitões é uma palavra, em si, correcta!
E, assim, o texto foi para o jornal e, assim, foi publicado, convidando os leitões a lerem o preâmbulo da Constituição!
Este caso não revela apenas que as gralhas são uma espécie não extinta.
Revela também que a inteligência artificial tem as suas limitações e, claro, perde para a humana.
O computador descobriu que faltava um assento e colocou-o.
Mas não alcançou que, ali, a palavra não podia ser aquela!
. 153. Ordem dos Médicos, B...
. 152. Justiça. Debate no â...
. 151. Dia do Exército 2014...
. 150. CITIUS - Sobre o pro...
. 149. Debate com o Ministr...